O maior custo na produção de cana-de-açúcar é a implantação ou renovação dos canaviais – os custos beiram os R$ 8 mil o hectare.  Pouco adianta ter um canavial produtivo no primeiro e segundo corte e depois ver despencar a produtividade. O ideal é manter a alta produtividade por muitos cortes.

Na verdade, não tem segredo para alcançar este objetivo. O primeiro passo é fazer o arroz com feijão bem-feito. Tudo começa pelo plantio, com preparo do solo adequado, a escolha das variedades certas, plantio de mudas sadias, adubar corretamente e fazer o controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Uma ferramenta que contribui muito para o sucesso das operações são as técnicas de agricultura de precisão, principalmente a aplicação de insumos em taxa variável. Com o uso, por exemplo, de um quadriciclo realiza-se amostragens de solo em grade. Após a operações, é fornecido um mapa de fertilidade que indica a necessidade de calcário, gesso, potássio e fósforo da propriedade que foi subdividida em pequenas áreas. Com essas informações em mãos, é possível aplicar os insumos a taxas variáveis, levando em conta cada particularidade do terreno.

A utilização de cultivadores, que fazem a adubação e cultivo nas socarias, e de micronutrientes são fatores essenciais para o incremento de produtividade do canavial. E redobrar o cuidado na hora da colheita também é vital para prolongar a vida útil dos canaviais. Nada de pisoteio das máquinas nas linhas de cana.

Mas com o passar do tempo, novos ingredientes fazem parte dessa receita para a obtenção do canavial com “alta produtividade longa vida”. Entre eles está o replantio de falhas na soqueira.

O engenheiro agrônomo Júlio Campanhão dá como exemplo um canavial localizado no município paulista de Colômbia que vem conseguindo uma média de produtividade (TCH) de três dígitos (104,9), mesmo entrando em seu 12º corte nesta safra.

O profissional explica que o motivo desses números é o replantio de falhas de soqueira, que teve início após o oitavo corte na área. “Na colheita de 2015, a produtividade do canavial caiu para 84,5 TCH. Em vez de reformar a área, de 187,39 hectares, os proprietários decidiram replantar os vazios. No ano seguinte, a produtividade atingiu 101 TCH.”