O impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi aprovado nesta quarta-feira (18) pela Câmara dos Deputados. A Casa votou pela aprovação de duas acusações (veja detalhes sobre cada uma mais abaixo):
 

Abuso de poder - 230 votos a favor e 197 contra
Obstrução de Congresso - 229 votos a favor e 198 contra
 
A suspeita é que Trump tenha usado seu cargo de presidente para pressionar o governo ucraniano a produzir material contra um rival político, sob ameaça de congelamento de repasse de verba de ajuda militar. Além disso, Trump é acusado de proibir pessoas a ligadas a ele de prestarem depoimento na Câmara.

O presidente continuará no cargo enquanto espera o resultado do julgamento no Senado, que deve ocorrer em janeiro. Ele é o terceiro presidente na história dos EUA a sofrer um impeachment.

A votação foi precedida por um debate que durou mais de dez horas, no qual discursaram deputados dos partidos Democrata e Republicano, expondo seus pontos de vista a favor e contra o impeachment.
Enquanto o impeachment era aprovado, Trump participava de um comício em Battle Creek, Michigan. "Não parece que estamos sofrendo impeachment", disse Trump à multidão. “O país está indo melhor do que nunca. Não fizemos nada de errado. Temos um tremendo apoio no Partido Republicano, como nunca tivemos antes", discursou.

Na abertura da sessão, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, afirmou que os deputados estavam ali para "defender a democracia pelo povo". "Eu abro solene e tristemente o debate sobre o impeachment do presidente dos Estados Unidos", disse.

No Twitter, Trump respondeu indignado, falando em "mentiras atrozes da esquerda radical". "Isto é um ataque à América, e um ataque ao Partido Republicano", escreveu.
Em sua defesa, alguns deputados republicanos se exaltaram e até exageraram nas comparações. Mike Kelly, da Pensilvânia, disse que 18 de dezembro de 2019 seria lembrado da mesma forma como o dia do ataque japonês a Pearl Harbor, na II Guerra Mundial.
“Em 7 de dezembro de 1941, um ato horrível aconteceu nos Estados Unidos, sobre o qual o presidente Roosevelt disse 'esta é uma data que viverá na infâmia'. Hoje, 18 de dezembro de 2019, é outra data que irá viver na infâmia”, disse.
 

Já Barry Loudermilk, do estado da Georgia, chocou diversos colegas ao comparar o inquérito com o julgamento de Jesus, dizendo que Cristo teve mais direitos antes de sua crucificação do que o presidente.
 
“Antes de vocês realizarem essa votação histórica hoje, uma semana antes do Natal, quero que vocês tenham isso em mente: quando Jesus foi falsamente acusado de traição, Pôncio Pilatos deu a Jesus a oportunidade de encarar seus acusadores. Durante esse falso julgamento, Pôncio Pilatos concedeu mais direitos a Jesus do que os democratas concederam a este presidente neste processo", afirmou.

Julgamento no Senado
 
A Câmara irá agora selecionar parlamentares para atuarem como promotores e apresentarem o caso contra o presidente no julgamento no Senado. Segundo a Reuters, os democratas da Câmara dizem que a maioria dos gerentes deve sair do Comitê Judiciário da casa, e possivelmente do Comitê de Inteligência, que liderou a investigação. Muitos deputados esperam ser selecionados para o cargo, que é de grande importância.
O julgamento no Senado, que irá determinar se Trump será ou não removido do cargo, deve começar no início de janeiro, de acordo com a previsão do líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell.

Para perder o mandato, Trump precisa ser condenado por dois terços do Senado. No entanto, a casa tem em sua maioria republicanos. Desta forma, seria necessário que cerca de 20 dos 53 senadores do partido do presidente votassem contra ele, o que não deverá acontecer.
O presidente da Suprema Corte dos EUA, John Roberts, deve presidir o julgamento. Os gerentes apontados pela Câmara apresentarão o caso contra Trump e a equipe jurídica do presidente responde, com os senadores atuando como membros do júri.

Um julgamento poderia envolver depoimentos de testemunhas e um extenso cronograma. O processo pode acontecer no período entre seis dias e uma semana ou se estender para até seis semanas de duração.
McConnell já disse que o Senado poderia realizar uma opção mais curta, votando os artigos do impeachment após as arguições de abertura, pulando os depoimentos de testemunhas, mas, segundo a Reuters, o líder republicano ainda está se consultando com a Casa Branca sobre isso.