O Diário Oficial desta quarta-feira (6) traz a nomeação de Fernando Marcondes de Araújo Leão para a direção-geral do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas). Leão é ligado ao PP e foi indicado ao posto pela direção da sigla.
A nomeação de Leão, assinada por Braga Neto (Casa Civil), inaugura nova fase na relação de Jair Bolsonaro (sem partido) com os partidos de centro. Segundo acordo firmado pelo presidente, além do PP, o PL, de Valdemar Costa Neto, o Republicanos, antigo PRB, e o PSD, de Gilberto Kassab, por exemplo, também devem ser agraciados com cargos em empresas públicas e autarquias importantes.
Os dirigentes desses partidos esperam há dias as nomeações, acertadas com Bolsonaro há cerca de duas semanas. Há expectativa de que nos próximos dias novos nomes vinculados a esses partidos assumam postos no FNDE (Fundação Nacional de Desenvolvimento da Educação), na Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e em secretarias de ministérios, como o do Desenvolvimento Regional.
VELHA POLITICA
Tão logo o ministro Sergio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, na última sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro e seus ministros receberam mensagens de dirigentes partidários do chamado centrão — bloco da Câmara que reúne legendas como PP, PL, Republicanos, PSD e PTB — parabenizando o governo pela saída do ex-juiz da Lava -Jato . Foi o resultado das iniciativas de aproximação entre Bolsonaro e figuras batizadas de “velha política”, tanto pela longevidade na carreira, quanto pelas denúncias e investigações criminais contra elas.
Bolsonaro fez acenos a lideranças do centrão nas últimas semanas, abrindo espaço no seu governo para indicações do bloco. O presidente também se aconselhou com dirigentes ligados ao centrão, como o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI) e o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), para quem gravou até um vídeo em tom amistoso. A aproximação tem o objetivo de construir uma base no Congresso Nacional, ponto frágil do governo desde o início da atual legislatura, em janeiro de 2019, e que foi aprofundada em meio ao racha no PSL — sigla abandonada pelo presidente em outubro passado — e à perda de popularidade de Bolsonaro nas ruas, segundo pesquisas de opinião.
Novos aliados do presidente
Roberto Jefferson
Presidente nacional do PTB. Denunciou o esquema de compra de apoio de partidos no Congresso Nacional que ficou conhecido como “mensalão”. Foi condenado pelo STF a sete anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em 2018, foi denunciado novamente pela PGR, desta vez por montar esquema concessão fraudulenta de registros sindicais no Ministério do Trabalho. A denúncia foi recebida pela Justiça Federal do Distrito Federal. O processo ainda está em tramitação.
Valdemar da Costa Neto
Foi condenado a sete anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo STF no caso do “mensalão”. Ele foi acusado de receber R$ 8,8 milhões em troca do apoio do extinto PL (atual PR) ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ciro Nogueira
O presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI) é senador e um dos principais articuladores políticos do Centrão no Senado. É alvo de quatro investigações que tramitam no STF e é réu em um processo que investiga o chamado “quadrilhão do PP”. Segundo denúncia, ele faria parte de uma organização que desviou R$ 390 milhões da Petrobras pagos por empreiteiras.
Arthur Lira
O deputado Arthur Lira (PP-AL) é um dos principais cotados para assumir a presidência da Câmara dos Deputados quando Rodrigo Maia (DEM-RJ) terminar o seu mandato. Ele é réu em dois casos que tramitam no STF. Num deles, é acusado de fazer parte do “quadrilhão do PP”, assim como Ciro Nogueira. Em outro, é acusado de ter recebido R$ 106 mil em propina para manter apoio político ao ex-presidente de uma estatal.
Gilberto Kassab
Gilberto Kassab foi prefeito de São Paulo, ministro das Cidades durante a gestão de Dilma Rousseff (PT) e ministro da Ciência e Tecnologia de Michel Temer (MDB). Ele é o atual presidente nacional do PSD. Kassab réu em duas ações que tramitam na Justiça de São Paulo. Em uma delas, é acusado de ter recebido R$ 21 milhões da Odebrecht. Ele também é investigado em caso referente a delações de executivos da J&F. Segundo eles, Kassab recebeu R$ 58 milhões em vantagens indevidas pagas pela companhia.