A Copa do Mundo de 2022 terá seu início oficial hoje (20), a partir das 13h (de Brasília), quando a bola rolar pela primeira vez em Qatar x Equador. O pontapé inicial vai marcar o começo de um torneio tão histórico quanto polêmico: pela primeira vez, um Mundial é sediado por um país muçulmano no Oriente Médio, em meio a críticas intensas da imprensa ocidental e reação indignada das autoridades locais. Desde que foi escolhido como sede oficial da Copa em 2010, em um processo marcado por denúncias de corrupção e venda de votos na escolha do país como palco do torneio mais importante do futebol, o Qatar entrou nos holofotes da imprensa europeia. Em foco, as más condições de trabalho oferecidas aos imigrantes, apontadas como análogas à escravidão, restrições a liberdades individuais e a direitos de mulheres e LGBTQIA+.

A Copa de 2022 no Qatar tem suas particularidades: pela primeira vez, o Mundial ocorrerá praticamente inteiro no perímetro de uma cidade, um raio de 30 km ao redor de Doha, capital do país. Também será inédito que tudo acontecerá em um palco com restrições ao consumo de bebidas alcoólicas, a alguns tipos de vestimentas e a demonstrações públicas de afeto.

Dentro de campo, há muito a ser discutido: o Brasil chega embalado depois da melhor campanha da história das eliminatórias Sul-Americanas e com ascensão de jovens jogadores como Vini Jr. Neymar vive grande fase no PSG e é o principal garoto-propaganda do Mundial. Nos rivais, Cristiano Ronaldo (Portugal) e Messi (Argentina) se preparam para a última dança em Copas.

Dentro de campo, há muito a ser discutido: o Brasil chega embalado depois da melhor campanha da história das eliminatórias Sul-Americanas e com ascensão de jovens jogadores como Vini Jr. Neymar vive grande fase no PSG e é o principal garoto-propaganda do Mundial. Nos rivais, Cristiano Ronaldo (Portugal) e Messi (Argentina) se preparam para a última dança em Copas.

Corrupção e desrespeito a direitos humanos no holofote A escolha pelo Qatar como sede da Copa do Mundo 2022 é questionada desde sua origem, em 2010, com suspeitas de venda de votos por parte dos membros do Comitê Executivo da Fifa, seja por meio de dinheiro direto ou favorecimentos. Na principal denúncia, uma ex-assessora da candidatura do Oriente Médio afirmou que três dirigentes africanos (Issa Hayatou, Amos Adamu e Jacques Anouma) trocaram seus votos por US$ 1,5 milhão cada para as federações.

Além disso, os votos do Brasil, França e do presidente da Concacaf, Jack Warner, também estiveram sob suspeita. Enquanto isso, a avaliação do grupo técnico apontava o Qatar como a pior candidatura para 2022. O relatório investigativo feito por um ex-membro do FBI, Michael Garcia, no entanto, não apresentou dados conclusivos sobre subornos por parte do Qatar. Com isso, não houve nenhum movimento da nova diretoria da Fifa para retirar a Copa do Qatar.

Depois da escolha, o país passou a aparecer nos holofotes acusado de manter trabalhadores em condições desumanas, análogas à escravidão. Órgãos como Anistia Internacional e a Human Rights Watch publicaram, periodicamente, relatórios apontando que trabalhadores tinham seus salários retidos, moravam em alojamentos precários, sofriam problemas de saúde e até morte por causa das altas temperaturas. O jornal britânico Guardian publicou que 6500 trabalhadores morreram no Qatar desde a definição do país como sede da Copa, um número refutado pelas autoridades locais.

Nos últimos anos, o Qatar acenou com uma caminhada rumo à moderação — há dentro do próprio governo do país um embate entre forças conservadores e alas mais progressistas. A organização da Copa enfatizou que a população LGBTQIA+ era bem-vinda para assistir e participar da Copa, e criou algumas exceções para o consumo de álcool, proibido para os muçulmanos.

Mesmo assim, as críticas da imprensa europeia não diminuíram, e alimentaram o ressentimento no país. Na reta final antes da Copa, em uma guinada conservadora, o Qatar baniu a cerveja que seria servida no entorno dos estádios nos dias de jogos, surpreendendo a Fifa e mostrando os limites de sua disposição em ceder nos seus costumes.

"As críticas pela Copa do Mundo são hipócritas. Pelo que nós, europeus, fizemos durante os últimos 3.000 anos deveríamos pedir perdão pelos próximos 3.000 antes de dar lições de moral aos outros. Estas lições de moral são simplesmente hipocrisia" Gianni Infantino, presidente da Fifa, desabafando contra críticas à Copa do Qatar.