A hidroxicolorquina, medicamento defendido pelo presidente Jair Bolsonaro para o tratamento de casos graves de Covid-19, já foi utilizada em pelo menos dois pacientes em MS que estavam em estado crítico no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul). De acordo com o hospital, o medicamento está no estoque farmacológico e segue o protocolo do Ministério da Saúde.

O uso da substância, no entanto, não tem eficácia comprovada. Para preencher esta lacuna, um estudo segue em andamento e, atualmente, conta com mais de mil voluntários infectados. Mais de 60 hospitais pelo país já aderiram.

Na rede particular, a Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul) pontuou que tem o medicamento, mas destacou que a prescrição segue os critérios ministeriais e requer “termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o cuidado para que os efeitos adversos sejam criteriosamente monitorados”.

Já a Unimed de Campo Grande informou apenas que segue os protocolos do ministério e da Anvisa (Agência Nacional de Saúde Suplementar) “com o objetivo preservar a segurança e oferecer a melhor assistência à saúde aos seus beneficiários” (confira as notas na íntegra ao final da matéria).

Remédio polêmico
A recomendação do uso tanto da hidroxicloroquina como de seu antecessor, a cloroquina, é um ponto polêmico e longe de ser pacificado. É, também, um dos pontos de tensão entre o presidente Bolsonaro e seu ministro, Luiz Henrique Mandetta, que divergem sobre o uso.

Nesta quarta-feira (8), o presidente usou suas redes sociais para mais uma vez defender o medicamento. “Há 40 dias venho falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento do Covid-19. Sempre busquei tratar da vida das pessoas em 1º lugar, mas também se preocupando em preservar empregos”, escreveu.

Ele também afirmou ter feito contato com “dezenas de médicos” e alguns chefes de Estado de outros países para falar sobre o tratamento com os fármacos. “Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz”, argumentou.

“Dois renomados médicos no Brasil se recusaram a divulgar o que os curou da Covid-19. Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do Governador de SP?”, questionou, referindo-se provavelmente a David Uip, que está à frente do comitê de crise do coronavírus em São Paulo. “Acredito que eles falem brevemente, pois esse segredo não combina com o Juramento de Hipócrates que fizeram. Que Deus ilumine esses dois profissionais, de modo que revelem para o mundo que existe um promissor remédio no Brasil”, declarou.

Nesta terça-feira, em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde afirmou que o órgão acompanha estudos clínicos sobre a eficácia de medicamentos contra o novo coronavírus, entre eles, a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os primeiros resultados devem ser conhecidos a partir do próximo dia 20. (Com informações do Estadão Conteúdo)

Vale lembrar, ainda, que a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) anunciou na terça-feira (7) que identificou, em testes laboratoriais, que o antirretroviral atazanavir pode inibir a replicação do novo coronavírus em células infectadas. Os resultados obtidos ainda precisam ser confirmados através de testes clínicos com pacientes para que o medicamento se torne uma possibilidade no combate à doença.

A SES também já pontuou, durante transmissão ao vivo no último dia 5, sobre os riscos da automedicação. Especificamente sobre a cloroquina, a pasta destacou que o Conselho Regional de Medicina e a própria Anvisa alertam não haver, ainda, comprovação científica sobre o uso do medicamento na infecção recente. O aviso se tornou necessário depois de uma “busca desenfreada”, como definiu Adami, pelo medicamento e suas variantes.

“E ela [cloroquina] não tem qualquer efeito profilático, ela não vai imunizar o paciente. Pelo contrário”, advertiu. Segundo ele, os estudos conduzidos com o medicamento em países como EUA, China e França indicaram reduções na presença do vírus em secreções respiratórias, “mas não foi conclusivo e não demonstrou redução da mortalidade ou das complicações”, disse Adam Adami, gerente técnico de Medicamentos da Vigilância Sanitária de Mato Grosso do Sul.

Confira as notas da SES, da Cassems e da Unimed Campo Grande na íntegra:

SES – De acordo com a Assessoria de Comunicação do HRMS, a unidade hospitalar está fazendo o uso do medicamento em pacientes em estado grave e crítico, de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde. Até o momento, dois casos fizeram o uso do medicamento.

Cassems – A Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul – Cassems disponibiliza, em sua rede hospitalar, o medicamento hidroxicloroquina. Sua prescrição pela equipe médica ao paciente COVID + segue os critérios que hoje o Ministério da Saúde coloca em atenção para os pacientes com quadro clínico grave. Há termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o cuidado para que os efeitos adversos sejam criteriosamente monitorados.

Unimed – A Unimed Campo Grande informa que todos os protocolos adotados durante atendimento dos pacientes atendem às normas e determinações do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Saúde Suplementar com o objetivo preservar a segurança e oferecer a melhor assistência à saúde aos seus beneficiários, e reforça ainda que o Hospital Unimed CG, bem como toda a equipe hospitalar, está preparado e estruturado para atender casos de pacientes com suspeita da Covid-19 e os que venham necessitar de isolamento.