As sanções ocidentais causaram impacto na economia russa, mas o Kremlin continua a faturar alto com a venda de energia. Principalmente com o dinheiro de seu mais importante aliado. As informações são do jornal independente The Moscow Times.
A China, principal compradora do petróleo russo, é parte importante disso, já que, ao contrário de outros países que romperam laços com a Moscou, se mantém neutra na questão Ucrânia e segue firme na parceria com seu maior fornecedor de recursos energéticos.
Quem perdeu dinheiro nesse cenário foi o Brasil, que viu em julho a venda de petróleo para os chineses cair 58% em relação ao mesmo período do ano anterior e 27% entre janeiro e julho desde ano, segundo a agência Reuters. Em 2021, Beijing pagou ao Brasil US$ 8,07 bilhões pelo combustível fóssil no período em 2021, contra apenas US$ 7,9 bilhões neste ano.
Se o momento é desfavorável para o mercado brasileiro, a Rússia não tem do que reclamar. No período de março a julho, a China gastou US$ 35 bilhões em petróleo, gás e carvão russos, cifra que se aproxima do dobro do registrado no mesmo período do ano passado, que foi de US$ 20 bilhões, segundo dados recentes da alfândega chinesa trazidos pela rede Bloomberg. Somente no mês passado, os gastos de Beijing com energia russa saltaram para US$ 7,2 bilhões, número bem acima dos US$ 4,7 bilhões em julho de 2021.
A justificativa para o aquecimento na mesa de negócios entre os países é simples: o produto ficou mais em conta. Com os boicotes informais das grandes petrolíferas ocidentais e das casas comerciais após o início da guerra na Ucrânia, o momento é de grandes descontos no preço do petróleo russo. Quem também se beneficiou da compra de barris com um ótimo preço foi a Índia, aproveitando o aumento das exportações para lá.
A Rússia teria alcançado um provável recorde de US$ 97 bilhões em receita com as exportações de combustíveis fósseis entre 24 de fevereiro e 3 de junho, os primeiros cem dias de conflito no país vizinho. Segundo a Reuters, no acumulado do ano, as importações russa totalizaram 48,45 milhões de toneladas, alta de 4,4% no ano. No geral, ainda fica atrás da Arábia Saudita, que forneceu 49,84 milhões de toneladas desde janeiro. Porém, os sauditas ficaram na segunda posição na relação em cada um dos últimos três meses.
Além do petróleo
Um combustível fóssil utilizado na geração de energia elétrica também tem rendido bons negócios. Uma análise de dados alfandegários mostra que, entre março e julho, a Rússia ultrapassou a Indonésia como o principal fornecedor de carvão para a China, registrando um aumento de 14% em relação a 2021. Foram 7,4 milhões de toneladas enviadas aos chineses.
A indústria siderúrgica chinesa também está bem servida com o carvão metalúrgico russo: 2 milhões de toneladas, um acréscimo de 63%.
As exportações de gás natural foram 20% superiores a julho de 2021, embora tenham caído para cerca de 410 mil toneladas em comparação com junho de 2022.
A China também importou mais alumínio, paládio e trigo da Rússia, com volumes subindo de 16% para 52%. Só o que registrou queda foram as importações de cobre refinado e níquel refinado, caindo 20% e 10%, respectivamente.
Maior importador de energia do mundo, a China faz uso de oleodutos que saem diretamente da Sibéria, o que facilita a parceria. Embora Beijing tenha reduzido o gasto de energia no primeiro semestre deste ano, também devido à nova onda de Covid-19, os pagamentos feitos à Rússia cresceram principalmente devido ao aumento dos preços.
Por que isso importa?
O conflito na ex-república soviética causou mal-estar no governo chinês, gerando desconforto com seus mais valiosos parceiros comerciais: Estados Unidos e União Europeia (UE). Ainda assim, a China tem sido um dos poucos países a se mostrar contrário às sanções impostas à Rússia pelas nações ocidentais, como forma de sufocar o financiamento militar.
Em abril, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Zhao Lijian afirmou que o país asiático “desaprova a solução de problemas por meio de sanções e se opõe ainda mais a sanções unilaterais e jurisdições de longo alcance que não têm base no direito internacional”.
Segundo Zhao, Beijing não admite ser forçada a “escolher um lado ou adotar uma abordagem simplista de amigo ou inimigo. Devemos, em particular, resistir ao pensamento da Guerra Fria e ao confronto do bloco”.
A posição da China pró-Rússia também levou o governo do país a censurar a informação, de forma a vetar manifestações em desacordo com as determinações do Kremlin, que classifica a guerra como “operação militar especial”.
O controle estatal da informação que chega aos cidadãos chineses é parte do esforço local para difundir a ideia de que é um mediador no conflito, ao mesmo tempo em que preserva o discurso de que a Rússia tem o direito de defender seus interesses.
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