De ontem para hoje (31), o estado de São Paulo registrou 23 mortes em decorrência de complicações relacionadas ao coronavírus - praticamente, uma morte por hora devido à covid-19. Esse foi o maior número de mortes já registrado no estado em apenas um dia.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, entre os mortos, há 13 mulheres e 10 homens. Entre as vítimas femininas havia duas adultas de 42 e 54 anos, com comorbidades. As demais mulheres tinham idade igual ou superior a 65 anos. Entre os homens, havia uma vítima de 43 anos, também com comorbidades. Os demais tinham idade igual ou superior a 63 anos.
Até este momento, São Paulo contabiliza 136 óbitos relacionados ao novo coronavírus. A maior parte das mortes ocorreu na capital paulista, mas houve registro também em outras 12 cidades. O estado tem 2.339 casos confirmados de coronavírus, número 54% superior ao que foi registrado ontem.
Policial
A Polícia Militar de São Paulo confirmou hoje a morte da sargento Magali Garcia, que tinha 46 anos e trabalhava no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). Segundo a Polícia Militar, Magali teve diagnóstico confirmado para coronavírus e não tinha comorbidade, mas era ex-fumante.
Este foi o primeiro caso confirmado de morte por covid-19 na PM de São Paulo. Mas há um outro caso sendo investigado, a morte de um veterano da PM de 75 anos, cujo resultado de exame ainda é aguardado.
SP têm mais de 600 profissionais de saúde afastados devido ao covid-19
Os sistemas de saúde público e particular do estado de São Paulo tiveram de afastar, desde fevereiro, mais de 600 profissionais devido à suspeita ou a confirmação da infecção por coronavírus nos funcionários.
O número de trabalhadores da área da saúde que precisarão ser removidos deve aumentar nos próximos dias. A Justiça paulista autorizou que funcionários do setor, que se enquadrem no quadro de risco para coronavírus, fiquem afastados dos hospitais.
Segundo levantamento do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), ao menos 190 funcionários do sistema público municipal de São Paulo foram afastados, desde o último dia 15, em razão da suspeita de coronavírus. O Hospital Municipal Doutor Carmino Caricchio, no Tatuapé, na zona Leste, é o destaque, com 45 afastamentos.
Na rede privada, dois dos mais importantes hospitais do estado removeram, desde fevereiro, mais de 450 profissionais diagnosticados com o coronavírus. O Hospital Sírio-Libanês afastou 104 funcionários. Já o Hospital Albert Einstein teve de remover 348 dos 15 mil colaboradores (2%), diagnosticados com a doença.
Sem estimativa
No sistema público estadual ainda não há informações sobre a quantidade de profissionais afastados do trabalho em razão da contaminação de coronavírus. No entanto, decisão liminar do juiz do Trabalho Moisés Bernardo da Silva, da 58ª Vara do Trabalho de São Paulo, determinou a liberação dos profissionais que se enquadrem no grupo de risco para o coronavírus.
A decisão beneficia os profissionais do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC-SP), do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe) e os trabalhadores contratados via Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) que atuam na administração direta.
“Liberem imediatamente das atividades presenciais os empregados substituídos processualmente que estejam enquadrados no grupo de risco, assim compreendidos os idosos com 60 anos ou mais, as gestantes, os portadores de doenças respiratórias crônicas, cardiopatias, diabetes, hipertensão, doenças renais, ou de quaisquer outras afecções que deprimam o sistema imunológico, assegurando-lhes todos os direitos e benefícios do contrato de trabalho”, diz texto da decisão.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (SindSaúde-SP), que ingressou com a ação, já há falta de profissionais na saúde, além do envelhecimento dos que estão na ativa. De acordo com a entidade, quase 60% dos trabalhadores da saúde no estado estão acima de 50 anos; destes, mais de 15% tem mais de 60 anos.
“As trabalhadoras e os trabalhadores da saúde pública, que compõem o grupo de risco, não podem pagar com suas vidas pelos erros recorrentes do governo do estado que não realizou os concursos necessários e, agora, vive o reflexo da falta de pessoas”, destaca a presidente do SindSaúde-SP, Cleonice Ribeiro.
Governo de São Paulo
Em nota, o governo de São Paulo disse que prepara defesa e vai recorrer da decisão imediatamente, assim que seja notificado. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo informou que o afastamento de todos os funcionários do grupo de risco poderá inviabilizar a operação para transformar o instituto central em uma ala exclusiva, com 900 leitos, dos quais 200 UTIs, para tratamento de pacientes com covid-19.
“É preocupante que a Justiça interfira no funcionamento dos hospitais públicos, especialmente em época de pandemia, uma vez que o afastamento de profissionais sem o devido critério preconizado pelas autoridades sanitárias pode comprometer a assistência prestada à população”, disse, em nota, a Secretaria de Estado da Saúde.
Segundo o órgão, todos os funcionários do grupo de risco já foram realocados para “locais de baixo risco, como setores administrativos”. A secretaria informou ainda que todos os trabalhadores estão recebendo atendimento e, aqueles que apresentam sintomas, estão sendo submetidos ao teste para coronavírus. “Aqueles que têm o exame positivo estão isolados e recebendo tratamento de acordo com protocolo”.