Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar que houve "fraude" nas eleições de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou nota em que rebate as declarações e reafirma a "absoluta confiabilidade e segurança" do sistema eletrônico de votação. Bolsonaro disse na segunda-feira, durante evento nos Estados Unidos, que houve "fraude" nas eleições presidenciais de 2018 e afirmou ter provas de que venceu o pleito no primeiro turno. A fala do presidente reacendeu a estratégia de colocar em xeque a credibilidade da Justiça Eleitoral, um discurso utilizado pelo próprio Bolsonaro na campanha daquele ano. O presidente não apresentou provas para embasar suas declarações.
"Embora possa ser aperfeiçoado sempre, cabe ao tribunal zelar por sua credibilidade, que até hoje não foi abalada por nenhuma impugnação consistente, baseada em evidências. Eleições sem fraudes foram uma conquista da democracia no Brasil e o TSE garantirá que continue a ser assim. Naturalmente, existindo qualquer elemento de prova que sugira algo irregular, o TSE agirá com presteza e transparência para investigar o fato.", afirma o tribunal, em nota.
O então candidato do PSL à Presidência da República venceu as eleições no segundo turno, quando obteve 55,13% dos votos. No primeiro turno, Bolsonaro conseguiu 46,03% dos votos válidos, o que não foi suficiente para liquidar a disputa.
"Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu tinha sido, eu fui eleito no primeiro turno, mas no meu entender teve fraude", afirmou Bolsonaro, que chorou ao falar da facada que sofreu durante a campanha de 2018. O presidente, no entanto, não apresentou ou citou qualquer indicativo oficial para justificar sua fala.
Vamos tratar do que é sério, diz Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), evitou comentar a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre a suposta fraude nas eleições de 2018 e disse, nesta terça-feira,10, que a questão já foi respondida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Vamos no que interessa? Temos 52 milhões de brasileiros vivendo com US$ 5 por dia. Vamos tratar do que é sério e urgente para o brasileiro", disse.
Maia também preferiu não responder a sugestão do presidente Bolsonaro, que disse que as manifestações do próximo domingo podem perder força se o Congresso desistir de controlar uma fatia expressiva do Orçamento da União. "O Parlamento aguarda o encaminhamento das duas reformas (tributária e administrativa) ainda essa semana porque vai ser uma sinalização forte para a sociedade da importância que as reformas têm", disse.
Pesquisa aponta erro do presidente
A maioria dos brasileiros acredita que é errado o presidente da República apoiar atos contra o Congresso Nacional. Em pesquisa divulgada ontem, o Instituto Paraná concluiu que 52,2% dos entrevistados vê negativamente essa atitude do chefe do Executivo. Por outro lado, 40% veem esse apoio como correto e 7,8% não sabe ou não respondeu à pergunta. Nas últimas semanas, Jair Bolsonaro incentivou a sua base eleitoral a comparecer em manifestações contra o Poder Legislativo, composto pela Câmara e Senado federias, além do Judiciário.
A pesquisa também questionou os entrevistados se o fato do presidente apoiar atos contra o Congresso é bom ou ruim para o Brasil. A maior parte respondeu que é ruim: 57,1% pensam que o ato prejudica o país. Já quem acredita que é bom que o presidente convoque atos contra o Poder Legislativo totalizaram 35%. Os que não souberam responder representam 7,8% do total. O levantamento foi feito entre 4 e 6 de março com 2020 entrevistados de 160 municípios nos 26 estados e no Distrito Federal. O grau de confiança é de 95% e a margem estimada de erro é de aproximadamente 2%.