A gerente do Hospital da Vida de Dourados, maior hospital público de portas abertas da região sul do Estado, também pediu demissão. Enfermeira, com mestrado em enfermagem, Alessandra de Cássia Leite entregou carta de demissão à Funsaud (Fundação de Saúde), responsável por administrar o Hospital da Vida e UPA 24 horas.

Conforme havia noticiado o site, o enfermeiro Adriano Cândido Marques, gerente-administrativo da UPA também solicitou demissão à Funsaud, alegando "determinações antiéticas e sobrecarga de função como fatores para a decisão".

Em carta a qual o Dourados Agora teve acesso, a enfermeira Alessandra descreveu situação similares ao do enfermeiro Adriano, contudo, alegou não apoiar a postura que vem sendo adotada pelas chefias (diretorias administrativa e técnica) em relação aos profissionais, pacientes e acompanhantes no hospital. Autarquia subordinada à Secretaria de Saúde, a Funsaud está sob intervenção da prefeitura desde junho do ano passado. O motivo é a crise financeira que passa de R$ 21 milhões.

Na carta, a enfermeira Alessandra diz que o pedido de demissão é devido a incompatibilidade com relação a forma de gestão do hospital, a qual ela está sendo obrigada a se posicionar por meio de abordagens que vem em desencontro com o seu código de ética.

As determinações [da diretoria], muitas vezes, segundo ela descreveu, não são documentadas, apenas por meio de comunicação verbal. "Não compartilho com esse meio de conduta, que está sendo tomada com base para gerenciar e repudio postura que possa trazer insatisfação dos profissionais que atualmente trabalham em seu limite e com déficits em seus setores", argumentou.

Realizar a gerência nessas condições, conforme a enfermeira, foi uma experiência ímpar, que a estimulou a estudar para que conseguisse resolver parte dos problemas da unidade. Contou ainda que para o hospital conseguir manter a assistência segura, livre de eventos adversos, são feitos empréstimos de materiais, medicamentos e insumos que fazemos constantemente.

Ao pedir demissão, ela comunicou que estará retornando para a UPA, local que escolheu na posse do concurso e onde há vagas puras e déficit de profissionais da enfermagem.

Alessandra também questionou a intervenção na Funsaud, como entrave. Além de ter que extrapolar a carga horária de trabalho para conseguir melhor oferecer atendimento e resolver as problemáticas da unidade, ela diz que teve que passar a defender-se contra denúncias caluniosas e perseguições.